quarta-feira, 11 de março de 2015

"Cheio de nove horas"

Você conhece a expressão "cheio de nove horas"? Ela costuma servir para falar de pessoas complicadas, cheias de manias e frescuras. Mas você sabe de onde ela veio?

O escritor e antropólogo brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) escreveu - entre outros tantos livros - "Locuções tradicionais do Brasil". Nessa obra ele explica a importância que antigamente (e por muito tempo), tinha na vida social – e não só na brasileira – o limite das nove horas da noite. Era “a hora clássica do século XIX, regulando o final das visitas, ditando o momento das despedidas”. Qualquer um que teimasse em ficar na rua depois disso poderia ser “apalpado e revistado” pela polícia, e “apenas os boêmios, notívagos impenitentes, teimavam em afrontar os perigos da noite, da polícia, dos ladrões e capoeiras esfaimados”. Diz Câmara que, "no século XIX nasceu, então, a figura sestrosa, cerimoniática, meticulosa, do "cheio de nove horas", uma criatura infalível em citar regras, restrições, limites às alegrias dos outros, memorialista dos pecados alheios, fiel lembrete aos códigos e regulamentações, imperativas e dispensáveis, complicando as cousas simples".
(Via Veja)

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